we don’t need to say goodbye

você já precisou esquecer alguém por obrigação? você já precisou, aos socos e pontapés, diminuir uma existência que não sua dentro de você? você já tentou ir embora de uma história mesmo querendo tanto ficar? você já se colidiu com os vazios deixados dentro de si e espalhados pela sua casa e sua vida de alguém que você se viu obrigada a esquecer entre socos e pontapés? você já se agarrou a esses mesmos espaços vazios para sustentar  alguma lembrança que tornasse aquilo real? você já, C?

me pergunto qual o ponto de diferença entre o real e o imaginário para entender até onde você foi real para mim sendo tão abstrata. me pergunto qual a diferença entre esquecer e superar para me decidir por qual caminho seguir. apaga-se da pele mas a lembrança ainda faz arrepiar. a memória falha e eu nem sei mais por onde começar quando tento retomar o caminho que seguimos. você vê meus maiores temores se tornando realidade ou sua capacidade de abstração é grande o suficiente para já ter me superado e esquecido entre esses amores que te vieram rápido depois de mim?

numa espécie de curandorismo comigo mesma, repito até acreditar: é normal se sentir vulnerável e estranha. será mesmo? será mesmo que sua dor se construiu maior que a minha te fazendo incapaz de enxergar que eu também me machuquei? você decretou silêncio e esquecimento de tudo aquilo que almejamos ser quando tudo o que precisei foi de mais tempo para que fossemos, de fato. tudo o que precisei foi de espaço-tempo para dividir com você e construir com você, um pedaço de vida que eu sempre quis. e eu temi não tê-lo. e de fato, não o tive. mas quase.

o que posso dizer quando não existem palavras capazes de traduzir essa paz e essa guerra que você me apresentou? eu quero te contar tudo, mas nada parece ser o suficiente. ou capaz. não adianta legendar o sentimento. a confusão se alastra de qualquer modo. o fim é a memória mais franca que podemos ter sobre as coisas. e o nosso se encerra com uma frase sua “não foi intenso, não durou, eu não entendo”. o ponto de intersecção, c, é que as pessoas sentem de forma diferente. você foi rápida ao me amar,  quando eu não sabia o que esperar de amanhã. e eu nunca duvidei que meu amanhã seria com você.

não foi.

preciso dizer adeus para uma culpa que não é minha. e para você também.

we don’t need to say goodbye

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